Desalinho
6 de outubro de 2015
| em: PessoalEntrei em estado de choque. A dor se tornou tão monótona que passou de agressora a dormente. Quem dera se fosse enxaqueca, dorzinha de garganta por ter tomado umas gotas de chuva, ou um soco no estômago. Todos esses pequenos desconfortos no geral passam com um remédio em gotas com gosto ruim, um comprimido que fica tempos entalado na garganta, e até mesmo um gelo no lugar exato. Sabemos que hora ou outra a dor vai cessar. Nada é relativamente eterno quando falamos de coisas inoportunas, certo? Não sei.
Somos bagunças, é vero. Costumo pensar que, assim como acumuladores, tento esconder meu desalinho de todas as maneiras possíveis. Debaixo do tapete, atrás da estante, fechando as cortinas e trancando todas as portas que me convém. Nunca deixo que me ajudem, prefiro as coisas como estão- e nunca fiz o pedido de flores para colorir meu jardim. Já me chamaram de egoísta, e apesar de ruim, não recusei o rótulo. Claro que depois de um tempo as palavras soaram um tanto quanto ofensivas na minha mente e fiz questão de inventar uma grande tempestade e alaguei tanto tudo que deixei parte dela escorrer por meus dois grandes olhos castanhos. Acho que aquilo saindo de mim eram meus sentimentos e dores tomando forma, intensos mais do que nunca. O resultado foi o meu perceber que já era mais que obvio: eu não preciso de ajuda.
E não, isso não é ser egoísta.
Ao contrário do que pensam, é difícil ver que é humano. De que tem pele e osso, de que é obrigado a sentir dor, de que tem que gastar grande parte da vida sofrendo. Eu poderia ser uma planta, sabe? Plantas não sangram, pessoas sim. Plantas não tem essa de nó na garganta e colegas enchendo querendo saber de minhas dores. Mas assim, já que não sou um ser verde e bonitinho você bem que poderia me dar um desconto deixar eu sozinha aqui no canto com meus olhos inchados e com o gosto salgado de lagrima nos lábios, né não?
Ficar isolada aqui dentro vem sendo insuportável. As coisas a minha volta vem se autodestruindo tão rapidamente que não faço ideia se ainda resta tempo de ligar para o cara da rua de cima que sabe concertar qualquer coisa. Mas acho que provavelmente ele abaixaria o olhar e sussurraria um "sinto muito" enquanto da as costas evitando ver meus olhos marejados gritando em desespero. Sei que você tem uns contatos, então se souber de alguém que repare estragos emocionais, juro pagar por qualquer valor. Só se você quiser me ajudar, é claro. Sofro em silêncio, não quero incomodar você e atrapalhar seus planos para o fimdê.
A parte mais triste é que eu realmente não sou uma planta. Não é tão simples quanto a água da chuva se alinhar por minhas curvas e eu ficar bonita e forte novamente. Não sou consertável, me perdoe. Por dentro eu só choro, grito, esperneio. Porque sou normal. Me faltam palavras a maioria das vezes, a minha visão fica turva e fazem falta o ar nos pulmões. N-O-R-M-A-L
Complicado vai ser ter de levantar o tapete, tirar a bagunça de lá de baixo e tentar organizar tudo em gavetas. Já ta doendo só de pensar. Intensamente e pra caralho, entende? Mas já passou da hora de fazer as coisas fluírem do jeito que eu quero e que me agradem. Eu posso e quero, não preciso de permissão de outro alguém.
Serei meu próprio motivo e meu próprio porque. É necessário.
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Karine, menina! Adorei demais os seus textos!
ResponderExcluirConheci teu blog através do Blog Radioativa e precisei comentar aqui. ^^
Parabéns pelo seu talento na escrita.
Beijoos
http://jessicajasmim.blogspot.com.br/
Obrigada Jess! Desculpa essa demora toda pra responder, sou muito esquecida pra tudo hahahahaha. Muito obrigada pelo comentário, você não faz ideia do quanto me motiva cada palavra ♥
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